Boa noite! Dias atrás, uma certa atitude do Ministério da Educação assustou muita gente que tem, na Língua Portuguesa, seu instrumento de trabalho. Vou direto ao assunto. Fui das primeiras pessoas assustadas – pessoas a se mostrarem indignadas com a “notícia” veiculada pela também indignada voz de William Bonner (Jornal Nacional), um purista da Língua. A princípio, chamou-me a atenção o fato de um livro, “destinado à escola pública”, tentar explicar, aos alunos, algo que se estuda na “universidade pública”, no curso de Letras – durante um semestre! Concordo com que “não escrevemos como falamos”. Sempre disse isso a meus alunos. Até aí, vi uma atitude apenas perigosa. Será que todos os professores estão aptos a trabalhar isso com seus alunos? E se houver deturpação da tal mensagem e se se adotar, nas escolas, o "vale tudo" linguístico? A obrigação da escola sistematizada é oferecer, ao aluno, a oportunidade de ele conhecer a norma culta. Se ele vai usá-la é outra questão. Foi nisso que pensei. Mas o que me assustou, mesmo, foi o fato de que, logo após a tal “notícia”, veio o alerta – não sei se proposital! – de que “o mesmo MEC informava que o vestibular exigirá a norma culta da Língua”. Ora bolas! Aos privilegiados, das escolas “pagas”, a Língua culta; aos mais humildes, o falar “inadequado”? Isso, sim, eu senti como um preconceito! E dos grandes!
Li muitas indignações sobre “os livro”, porém, repito aqui as palavras simplesmente inteligíveis de um ex-aluno e hoje professor universitário (Neyzinho), com cujos argumentos, sobre o fato em questão, concordo plenamente: “Sob a alegação de não criar constrangimento ou desagrado aos menos favorecidos, sonegam-lhes o direito de aprender.” Ele vai além: “(...) o ‘padrão’ configura apenas um conjunto de convenções que assegura lógica ao funcionamento do idioma, ainda que suas regras sejam eivadas de exceções e anomalias.” Exato! Então, para que haja uma perfeita “comunicação” entre nós, é necessário que usemos o mesmo código linguístico: a Língua Portuguesa. Aliás, é ela que faz com que um acreano, um maranhense, um capixaba e um gaúcho sejam “brasileiros”. Todos eles terão o sagrado direito de aprender, “na escola”, que “Os livros ilustrados mais interessantes estão emprestados.”
Concluo, pois, meu ponto de vista, considerando que a linguista Heloísa Ramos não teve sorte, em seu “Por uma vida melhor”, quando pinçaram apenas uma frase de um contexto linguisticamente justificável – mas, não nas mãos de jovens alunos da “escola pública! E ela, sim, foi preconceituosa, ao deixar nas entrelinhas que os receptores de seus livros não usam a norma culta, ao se comunicarem. Muitos usam, sim! Quando voluntária em salas de aula do Artesanato, eu ficava encantada com o que muitos adolescentes das escolas públicas escreviam! Eles também devem ter a oportunidade de conseguir fazer um vestibular em Língua Portuguesa clássica, culta, correta, adequada – como quiserem chamar. Isso é direito legal.
Bem, minha intenção, ao elaborar este Blog, é dividir, com quem tiver interesse, toda a experiência de um trabalho de mais de 40 anos, como professora de Língua Portuguesa – professora cuja atuação começou na Escola Técnica Estadual de Mococa, a EletrÔ, em 1974...
Semanalmente (todos os sábados), será postado um bloco de exercícios, “trabalhando com ideias”, em Língua Portuguesa. Começaremos , pois, amanhã.
Até lá!
Mococa, 20 de maio de 2011.
mara
Muito bom, adorei o blog!
ResponderExcluirTambém vi esta reportagem e, fico muito preocupado com o futuro de meus filhos. Enquanto puder, eles estudarão em escola particular. Infelizmente!
ResponderExcluirDigo infelizmente porque hoje gasto um muito dinheiro com a educação deles. Sendo que o estado e municipio tem a obrigação de fornecer com qualidade a toda população. Estudei em escolas municipais e estaduais por quase toda minha vida, e sei que neste período fui privilegiado com os melhores professores da região de Mococa.
Esse é o resultado de um capitalismo olho por olho, dente por dente, somatizado com um grande número de políticos corruptos que envergonham nossa nação!
Dileta Mara:
ResponderExcluirMuitíssimo feliz pelo Teu Blog. Eu tive o privilegio de completar o antigo "Ginasial" no Colégio La Salle, Botucatu, SP. Nesse mesmo período fui, a mando da Mama, seminarista. Fui obrigado estudar latim e grego, isso em 1960 (na ocasião um verdadeiro martírio), resultou captar escasso conhecimento da gramatica portuguesa que deixei mofar no período juvenil - até hoje lamento. Mas fui abençoado, pois adquiri o sagrado vício pela leitura, mas sempre carregando no meu eu interior uma aversão pela gramatica. Nunca esqueço que cheguei elaborar uma redação no 2º ano do finado "Científico" utilizando 32 "que" e 9 "que nem". Infelizmente não guardei essa redação, mas foi uma gozação só. Traumatizante.
Fiz esse preâmbulo apenas para mencionar que ainda hoje a gramatica me aborrece. Creio que necessito de uma cura interior. kkkkk.
Por tudo isso e muito e muito mais, fiquei feliz com tua iniciativa. Te seguirei de perto, pois necessito regar meu canteiro para não murchar a minha Última Flor do Lácio. Não só eu, mas o Retalhos do Modernismo irá também sair beneficiado com Teu Blog.
Abraços Terno e Fraterno e:
"ESTEJA E SEJA E FIQUE FELIZ!"
Luiz de Almeida